“Pacheco Pereira, na Quadratura do Círculo, referiu um episódio que passou despercebido a quase toda a gente: Álvaro Santos Pereira, numa entrevista dada a seguir ao anúncio do programa de revitalização da economia, diz que quando um seu secretário de Estado saiu, houve gente que abriu garrafas de champanhe.
A quem estava ele a referir-se? A Henrique Gomes, o homem que ousou enfrentar os lobbies da energia em Portugal e que pretendia fazer baixar as rendas excessivas da EDP. Extraordinário país, este, em que um ministro admite em público que um dos seus secretários de Estado foi demitido por tentar defender o Estado (que somos todos nós) dos interesses privados que o parasitam. E por quem foi ele demitido? Pelo primeiro-ministro, claro. A história é simples, e contada pelo próprio Henrique Gomes: duas horas após ter sido entregue ao primeiro-ministro o relatório onde se defendia uma taxa sobre as rendas da EDP, já António Mexia, um dos homens mais poderosos do país, conhecia o seu conteúdo.” […]
Estranhamente, ou não, o ministro que admite tal coisa não apresentou de imediato a sua demissão. Aqui no Norte temos uma expressão que define bem a coisa: eu, no lugar do Álvaro, cobria a cara com merda.
Isso para ele era reboco em cima da mesma massa. Estão lá ao serviço de meia-dúzia de Conselhos de Administração e já sabiam ao que vinham.
«Isso para ele era reboco em cima da mesma massa.»
😀
«Estão lá ao serviço de meia-dúzia de Conselhos de Administração e já sabiam ao que vinham.» Não é de agora que a coisa funciona assim, mas antes, pelo menos, disfarçavam ligeiramente melhor.
Está tudo dito – e comentado.