Bom termo: «horizonte financeiro»…
Longe de mim, ainda por cima quando o P.S. ainda me deve lá ter registado como militante (se bem que o último acto em que participei foi nas eleições internas em que Sócrates foi eleito para secretário geral do partido) imiscuir-me na discussão de saber se Sócrates é culpado ou não de corrupção. A discussão é em grande parte inútil. E hipócrita em alto grau, já que o estrago está feito.
Toda a gente com dois dedos de testa via naqueles tempos em que se fez à pista de chefe de partido, e, num futuro relativamente próximo, de chefe de Governo, que era um indivíduo corruptível. E que, no interior do partido, era apoiado por gente corrupta e corruptível, que essa qualidade de corruptível foi o que lhe permitiu a ascensão interna. Mas não foi só a função dos gate-keepers internos. Cumpre lembrar que foi nessa altura incensado pelo mesmo aparelho mediático de de direita que hoje o acusa e lhe aponta o dedo.
A grande questão colectiva que se põe em Portugal não é saber se este ou aquele primeiro-ministro foi corrupto. É saber se o próximo candidato que não se afigure corruptível terá hipótese de ser chefe do Governo. E aí, a resposta é não. Um indivíduo sem um passado de conivência com a corrupção (a que outros chamam “responsabilidade” ou “sentido de Estado”) não só é derrotado pelas estruturas internas do seu partido, é denegrido enquanto candidato nos meios de comunicação social nacionais que são autênticos “grupos de pressão” ao serviço de constelações empresariais. Esse sim, é o “horizonte” que verdadeiramente interessa.
Deixemo-nos de merdas por uma vez. Seguro não foi derrotado por ser um líder fraco. Foi derrotado por ser imprevisível. Por não ter um passado de negócios escuros. Por não dar garantias a nenhum dos vários “donos disto tudo” de ser corruptível.
Vem a meus braços, compadre.
E mais não faço que a obrigação. Espero que haja um dia destes “horizonte financeiro” que permita num boteco qualquer uma pint ainda que as flat as a witch’s tit…