Estava nisto. As armas desmontadas no chão ladrilhado, iluminadas pelo sol da manhã, o sargento da polícia dobrado sobre elas tirando as fotos. Procurava as partes onde se grava o número de série, batia mais uma foto, depois de já fartíssimo de preencher formulários, tirar fotocópias de documentos, atender telefonemas enquanto ia tratando das formalidades. Estava nisto e entra um sujeito que só queria uma perguntinha. A respeito do mesmo. Tinha uma arma de caça para entregar, estava velho, «ele já nin há coelho nenhum», pra qu’é que queria aquilo? Se era preciso algum papel para trazer a arma das Fazendas de Almeirim até ali à esquadra.
Afadigado o sargento respondeu que não. Que à espingarda era só preciso trazê-la escavacada dentro do carro. Mas depois corrigiu: «pére aí, tou a dizer escavacada, mas quero eu dizer desmontada! Separadas as partes umas das outras, pode vir assim, não é preciso bolsa ou caixa. Você não me faça como o outro que me apareceu aí outro dia com os canos duma todos espalmados. Agarrou na marreta e vai disto!»
E assim melhor precisou o sentido de «escavacada». Vamos lá a ver se é desta que fica definido o verdadeiro sentido de «soluções». Há por aí um jargão que precisava que uma limpeza ou afinação. «Gestão de excelência», «criação de riqueza», «vantagens competitivas», «empreendedorismo», etc&tal.