Não sou nem nem lembro ter sido aquele tipo de indivíduo a quem perspectiva da morte (própria) amedronte. Hoje, na volta ciclística, alguns dos que por mim passavam apontavam para a cabeça. Admoestação. Não levei capacete. Muitas vezes não levo. Mais cedo ou mais tarde, um dia morrerei, não há capacete que me salve disso. Se morrer mais cedo, dado que não pratico golf nem invisto na bolsa, e sou assalariado, deixo de ser um peso prá economia. Enquanto vivo, e porque já vou nos cinquenta e cinco, de vez em quando apetece-me apanhar vento no cabelo. Não sei (o cabelo) quanto durará, é aproveitar.
Há coisa de um ano e picos, ligou-me flausina bem-falante a tentar vender um seguro de saúde. Dei em rir. «Ó minha cara senhora, isto pra quem nasce num país que elege um cavaco quatro vezes, a morte não é uma fatalidade. É uma bênção.» «Ai credo, não diga isso!», respondeu de lá a flausina.
Passaram três anos,
….e continuo indeciso.
Entretanto, e a respeito do indecidível, corre polémica de vulto no reino da Noruega. Kristian Skagen Ekeli (professor da universidade de Stavanger – alguns do seu trabalho está disponível aqui) co-publicou crónica no Atenposten onde sustenta que cidadãos ignorantes, irracionais e irresponsáveis (uvitende, uansvarlige og irrasjonelle borgere har en moralsk plikt til å avstå fra å stemme) têem o dever moral de se abster de votar.
Olhando canalha como a do vídeo acima, diria que o argumento do bom professor, não sendo fácil de engolir, dada a tradição ocidental, é de considerar.
.