Foi o único evento social em que participei no luso quadrilátero em 2017. Não tão discretamente quanto gostaria, já que um gajo de t-shirt velha e musculado e queimado do sol como estivador, dá, forçosamente nas vistas na fnac do Chiado – sítio por excelência de ombros estreitinhos e carnes flácidas.
Ruy Castro, apresentava (a 15 de Setembro, diz-me agora a crónica que me alertou na altura para o facto) O Anjo Pornográfico, biografia de Nelso Rodrigues. De Ruy Castro fiquei leitor desde que num vôo transatlântico lhe li O leitor Apaixonado. E do do outro, Ferreira Fernandes, que ali co-apresentava a biografia, sou sempre curioso. E asssim, lá peguei na moto e apontei, a velocidade imoderada, ao evento social na tarde de final de Verão.
Aquilo afigurava-se-me imperdível. Por um lado ouvir um autor de culto, a voz pausada e serena de quem tanto aprecio a escrita de livros e crónicas. Por outro o momento que eu já adivinhava de humor; é uma das coisas preciosas na vida cultural portuguesa; o enfatuamento e pomposidade dos autores portugueses no geral. Nisso, Ferreira Fernandes não desiludiu …
Não fosse por manter a compostura devida a salões de chá, tinha sido gargalhada de três em pipa. Tivesse eu vagar, não fazia mais nada: ouvir autores portugueses por palestras e apresentações. Como momentos de (solene) humor não há dinheiro que os pague, curiosidades de museu, monarcas em miniatura.
Adorei a descrição feita nesta postagem.Sinto o mesmo quando por algum motivo me encontro na mesma situação. Vou seguindo o que escreve.
Abraço
São momentos divertidos. Lembro-me particularmente de um momento (era na altura estudante universitário em Lisboa e a coisa ficava à mão) na mesma fnac, Fernanda Câncio, no auge do seu poder e Eduardo Pitta em pleno reinado, perorando sobre já não lembro o quê… um prato!